o segredo das novelas da globo

bom dia. quem matou... aposto que o primeiro nome que veio à cabeça foi Odete.
afinal, foi tudo o que se falou nos últimos dias. mas podia ser qualquer outro: Marcelo Fontini, Norma Pimentel, Saulo Gouveia, Carminha, Angel…

a técnica do “quem matou” é uma das fórmulas mais antigas, e eficazes, da Globo. e está em diversas das suas novelas. por que? transforma mistério em conversa. o truque é simples: não contar tudo e deixar espaço pro público completar a história.

a Globo entendeu cedo que o público não quer só assistir — quer participar, teorizar, estar certo. então, da próxima vez que lançar algo, não entregue o final. crie espaço para o público jogar junto. conversa gera relevância.

uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭

POLL OF THE WEEK

Todo mundo vai virar um grupo? Marcas e creatores estão se tornando ecossistema. Cada vez mais, nomes e marcas estão verticalizando. O MrBeast tem chocolate, restaurante e agora banco. Alex Cooper tem produto, mídia e distribuição. E as Kardashians seguem o mesmo playbook: da influência à infraestrutura.

Conte o porquê e, na semana que vem, vamos compartilhar a resposta e os melhores comentários!

(Continue rolando para ver os resultados do poll da semana passada)

Agora você também pode nos escutar, clique aqui.

RESUMO DA SEMANA

Hot takes pelo 🌎

🌐 A internet, antes invisível, agora é aspiracional. Por muito tempo, ninguém ligava pra marca do Wi-Fi. O que importava era o preço, e se o vídeo no YouTube rodava sem travar. Mas aí veio a Starlink. Com o carimbo de Elon Musk, internet via satélite, conexão de qualquer lugar do mundo (e fora dele), a marca transformou um serviço invisível em status tecnológico. Nossa aposta? Em breve um dispositivo de bolso que te deixa online pra sempre. Por enquanto, a parceria com a United Airlines, que vai oferecer Wi-Fi Starlink em todos os voos, já é o 1º passo nessa direção.

💰MrBeast entra no setor financeiro. O maior YouTuber do mundo, MrBeast, com mais de 446 milhões de inscritos e quase 100 bi de views, acaba de registrar a marca “MrBeast Financial”. A ideia é lançar um app com serviços bancários, consultoria financeira, cripto e seguros — transformando sua audiência (jovem, fiel e gigantesca) em uma base de usuários para um ecossistema financeiro gamificado, com student loans, crédito e educação financeira.

💄 WTF is King Kylie? Pra celebrar os 10 anos da Kylie Cosmetics, Kylie Jenner trouxe de volta sua era mais icônica, cabelo azul, gloss e vibe Tumblr, com o relançamento dos lendários Lip Kits que começaram tudo. O aquecimento começou no Snapchat, a plataforma que lançou sua fama, com um videoclipe onde ela finalmente canta “Fourth Strike”. Até a sua foto de perfil no Instagram ela mudou. Pra fechar, fez uma festa que parou Hollywood, com um pop-up inspirado no seu quarto de adolescente e convidados revivendo o visual King Kylie. As Kardashians seguem provando: ninguém entende de buzz marketing como elas.

💸 O chá que tem o mesmo preço desde 1992: US$0,99. Se o preço da Arizona Iced Tea acompanhasse a inflação, uma lata custaria hoje US$2,30 — mas a marca manteve o valor original por mais de 30 anos. Como? Por ser empresa de capital fechado, a Arizona não tem acionistas pressionando por lucro e conseguiu transformar o próprio preço em marketing, estampando os 99¢ no rótulo. Gastam quase nada em paid ads, contam com a fidelidade dos consumidores, e fazem ajustes nos bastidores: reduziram o tamanho da lata, aumentaram o preço de outros produtos e modernizaram a operação. Conheça mais sobre a estratégia aqui.

BIG STORY

De bankruptcy à coffee shop número #1 da China

26 mil lojas. Mais de 10 bilhões de drinks vendidos. E US$ 5,7 bilhões em receita.

Hoje, a Luckin Coffee é o maior nome do mercado chinês de cafés, superando até a Starbucks em número de lojas. Mas nem sempre foi assim.

Em 2020, a empresa foi pega em um escândalo de fraude contábil. Suas ações despencaram de um dia pro outro, executivos foram presos e a marca entrou em recuperação judicial.

Era o fim anunciado de um negócio que nasceu pra desafiar gigantes.

A Luckin foi fundada em 2017 com a proposta de democratizar o café na China. Enquanto o país ainda era dominado pelo chá 🍵, a marca apostou em microlojas automatizadas e um app 100% digital, oferecendo cafés padronizados a preços muito baixos.

Mas tinha um problema: Em 2021, o ano da falência, o chinês médio consumia apenas 9 xícaras de café por ano, contra 329 xícaras por pessoa nos EUA. Ou seja: um mercado que ainda não bebia café. O preço baixo fazia as pessoas experimentarem uma vez… mas não voltavam. O modelo não se sustentava e a empresa estava indo à falência, até que eles resolveram vira o jogo.

The turnaournd

A Luckin abandonou a lógica do “baixo custo” e reposicionou o negócio com uma nova fórmula:

1️⃣ HITS — Lançar produtos guiados por insights reais.

A marca passou a testar um novo drink a cada 3 a 5 dias.

Em 2023, foram mais de 100 lançamentos testados.

E o sucesso veio quando começaram a criar produtos com sabores alinhados ao paladar chinês — como o famoso Coconut Latte, que esgotou em segundos e virou febre nacional. Insight —> teste —> resultado and start again.

2️⃣ ASPIRAÇÃO — Tornar o café um símbolo de status.

Hits são importantes, mas fáceis de copiar. Um ano depois do Coconut Latte, 37 das 40 maiores marcas de bebida da China já tinham versões com coco.

Então, a Luckin começou a construir algo mais difícil de copiar: desejo. Em vez de apostar só em descontos, começou a investir em branding: (1) colaborações com celebridades e outras marcas, (2) embalagens que viralizavam nas redes, (3) e campanhas que transformavam cada bebida hit em um evento anual, com mais investimento e storytelling.

3️⃣ TARGETING — Estar no lugar certo, na hora certa.

A Luckin desenvolveu um processo data-driven para escolher onde abrir novas lojas. Antes de investir num ponto físico, eles testam a demanda com uma loja digital nas plataformas de delivery. Essa estratégia elevou a taxa de sucesso das novas unidades de 63% em 2019 para 93% em 2021.

Além disso, o app passou a personalizar promoções com base em clima e temperatura local:

☀️ dias quentes → recomendações de cafés gelados

❄️ dias frios → sugestões de bebidas quentes

Os dados orientam tudo: do desenvolvimento de produtos à operação logística.

WHAT'S THE TAKEAWAY?

  • Entenda o seu público (customer insight). Produtos virais nascem de insights sobre desejos e hábitos ainda não atendidos.

  • Teste sem medo. A Luckin não busca acertos de 100%. Ela busca volume de testes pra deixar o mercado decidir onde investir mais.

  • Dobre a aposta nos vencedores. Cada hit vira um evento anual — maior, melhor e mais falado.

  • Construa aspiração, não só produto. Em um mundo de cópias, o que sustenta a preferência é o papel cultural da marca.

COMPORTAMENTAL

Por que todas as marcas querem ser cool?

Quem nunca trabalhou em um projeto em que o briefing era: tornar essa marca/produto em algo cool. Parece até que a palavra cool virou, literalmente, sinônimo de desejo de tanto que usamos ela. E hoje, isso parece mais fácil de dizer do que de fazer.

São poucas marcas, como Nike, Apple, Levi’s, que conseguiram atravessar gerações mantendo o status de “as legais da vez”. Enquanto dezenas de outras seguem tentando todos os dias.

Mas por que isso? Por que vale tanto ser cool?

O desejo por marcas cool

O desejo de consumir o que é cool vem de algo simples: pertencer. A psicologia do consumidor mostra que a gente compra marcas que refletem o grupo em que queremos estar — status, identidade, validação. Ser cool é ser reconhecido como parte de uma tribo que confirma seu gosto e seu valor.

Essa pesquisa mostra que marcas percebidas como cool geram amor, engajamento e até bem-estar psicológico.

Em outras palavras: quando uma marca é cool, a gente não quer só comprar — a gente quer se conectar.

O problema: o cool saturou

Num mundo onde tudo vira trend em 24 horas, ser cool virou um jogo difícil de jogar — pela velocidade, pelo volume e pela repetição.

Durante décadas, o cool factor se apoiou na escassez: colaborações, drops limitados, parcerias icônicas como Supreme, Yeezy, Louis Vuitton x Pharrell.

Mas a febre do hype começou a saturar. O “ser exclusivo” perdeu sentido quando todo mundo faz a mesma fórmula de exclusividade. E com produtos cada vez mais parecidos, e barreiras de entrada cada vez mais baixas, o público passou a desconfiar do cool fabricado.

A Gen Z, principalmente, já cansou de collabs sem propósito e de marcas tentando comprar seu lugar na conversa — e cool não se compra. Se constrói.

💡Curiosidade: Vale lembrar de onde a palavra “cool” veio. O conceito nasceu em comunidades negras nos USA, inspirado pelo termo iorubá itutu — que representava serenidade, força interior e dignidade sob pressão. Ser cool, naquela época, era um ato de resistência, uma forma de se manter íntegro diante da opressão. Ou seja, o cool nasceu de propósito. E hoje, ironicamente, muitas marcas buscam ser cool apenas pela estética, perdendo justamente o que fez o cool existir: autenticidade e significado.

Ainda vale a pena ser cool?

Talvez mais do que nunca. Mas ser cool não é parecer. É ousar com propósito. É ter identidade. É ter algo a dizer — e dizer de um jeito claro, diferente, corajoso.

Ser cool é consequência, não objetivo.

Fonte: Frontiers

Vem de marcas que acreditam em algo, num lifestyle, numa ideia, num sentimento, num ponto de vista, e que têm coragem de colocar isso no mundo com convicção. No fim, ser cool é criar movimento. Não um post viral, não uma tendência de temporada. Mas um movimento de marca, algo que mexe com a cultura, mesmo que de forma sutil.

Então, da próxima vez que receber um briefing desses, lembre-se: não pense só nas pessoas com quem quer se associar, ou só na ativação de buzz marketing que quer fazer — mas pense primeiro no movimento que quer comunicar. Porque ser cool não é sobre o que você veste, diz ou posta. É sobre o que você move.

BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque

🍼 Cardi B agora é Chief Confidence Officer. Depois de dominar os palcos, a rapper se une à marca de fórmula infantil Bobbie pra lançar “B is for Bobbie”.

🧪 The Ordinary lança “The Periodic Fable”. A marca satiriza a indústria da beleza com uma “tabela periódica” de 49 buzzwords falsas como “luxury” e “eternal youth”. Veja só.

💳 O Zeca Pagodinho quer ser CLT? Parece que sim, mas com uma condição: o cartão benefícios tem que ser o dessa marca aqui. Que campanha legal!

🥪 O Subway forjou a criação de uma nova franquia. Inventaram a hamburgueria “Mesma Coisa”, com o slogan “Prometemos o que todo mundo cumpre”, com direito a ação física e perfil no insta. Entenda melhor essa história toda aqui.

🤰🏻 Se você engravidar agora, terá licença maternidade durante a copa do mundo. É isso que a marca Huggies quer incentivar aos casais por meio dessa campanha aqui.

💥 Você já fez seu marketing de guerrilha? Mais do que a calcinha com pelos da Kim Kardashian, foi essa marca aqui que respondeu à campanha na hora — do mesmo jeito que a Heineken surfou na trend da Friend I.A., o colar que promete ser seu novo BFF digital.

TRENDING NOW

UM ANÚNCIO

Aqui você encontra uma série de anúncios de marcas no Japão. O objetivo: acertar qual é a marca.

UM OOH

Os melhores OOH do ano até agora. Para o time, o da Lynx continua sendo um dos mais icônicos.

UMA REFLEXÃO

UM PRODUTO

O sabonete de enxofre da Granado, que ultrapassou 1 milhão de unidades vendidas com essa estratégia de UGC.

UMA MÍDIA

Essa vaga de rua foi aproveitada como espaço de veiculação de uma campanha que questiona o etarismo.

UM PROJETO

Vale tudo — inclusive relembrar as marcas que surfaram na onda dessa novela e se destacaram.

ANOTA ESSA

Mostra como pessoas comuns desafiam regras, questionam o status quo e transformam ideias em impacto — provando que ser original é uma habilidade que pode ser cultivada.

Revela como o que as pessoas pesquisam no Google expõe verdades que elas nunca admitiriam em público, mudando a forma como entendemos comportamento, política e consumo.

Explica de forma visual e direta como unir estratégia de negócios e design para criar marcas poderosas e consistentes — um clássico sobre branding no dias de hoje.

LAST WEEK POLL RESULT:

Trate sua audiência como seu maior shareholder, não só como um stakeholder. Vamos fingir que estamos em uma boardroom, discutindo o futuro dessa newsletter. Pra qual dessas opções o seu voto iria? 👇

58.3% quer ver mais tendências e comportamento e 23.4% quer mais cases de marcas..

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