a creator economy é uma bolha?

bom dia. 207 milhões de pessoas no mundo se identificam como criadores de conteúdo. e entre a Gen Z, esse número cresce: 65% diz que também é creator.

no total, 4 em cada 10 pessoas, de todas as idades, acreditam que “criar conteúdo” faz parte de quem elas são.

ou seja: será que o caminho é todo mundo virar creator? e o que significa ser creator quando todo mundo se vê assim? leia e descubra.

uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭

POLL OF THE WEEK

O TikTok Shop vai engolir o varejo brasileiro? Desde que desembarcou no Brasil, o TikTok Shop já cresceu 26x em receita diária. Tudo isso vendendo do jeito que o brasileiro mais gosta: rápido, barato, impulsivo, e com creator no meio. O modelo replica o comportamento da China, onde o social commerce virou padrão.

Agora, queremos saber:

Conte o porquê e, na semana que vem, vamos compartilhar a resposta e os melhores comentários!

(Continue rolando para ver os resultados do poll da semana passada)

Agora você também pode nos escutar, clique aqui.

RESUMO DA SEMANA

Hot takes pelo 🌎

💋 Facebook quer ser seu novo app de relacionamentos. Com 21 milhões de usuários diários, mais que o Hinge, a plataforma encontra um novo caminho de relevância justamente quando os apps de namoro começam a perder força. Zuck não perdeu tempo e lançou três recursos que reposicionam o Facebook Dating: (1) AI Dating Assistant: você descreve suas preferências e ele encontra os matches. (2) Meet Cute: um match curado por IA por semana para reduzir a fadiga do swipe. (3) Human Matchmakers: você pode pedir que amigos escolham por você. A proposta é automatizar o processo de conhecer alguém, combinando dados, preferências e comportamento para sugerir possíveis parceiros (deep dive).

💊 O novo hype do bem-estar? Adesivos que prometem tudo — de sono a libido. Quando a gente finalmente se acostuma com um formato, alguém inventa outro. Em nome da conveniência, claro. Agora é a vez dos wellness patches, adesivos que você cola na pele para, teoricamente, melhorar sono, foco, ansiedade, libido e até apetite. Eles estão dominando farmácias, Walmart e até Shein. O mais doido? A ciência diz que não há comprovação suficiente de que funcionam — e, mesmo assim, as vendas só crescem. E vamos combinar… o Instagram dessa marca aqui não deixa a desejar.

⚽️ Goldman Sachs compra agência de esporte por quase US$1 bi. Mas o que esse M&A tem a ver com marketing? O banco entendeu que o ativo mais valioso do mercado hoje não são empresas — são pessoas que movem multidões. E ninguém faz isso como atletas. Esporte é a única mídia que nunca perde relevância; atletas são marcas com ciclo de vida infinito. Investir em esporte é, na prática, controlar ativos culturais everlasting. O movimento do Goldman repete o que eles fizeram em tech nos anos 2000: se posicionar antes do boom de valuation. Porque o que está em jogo é ser dono da infraestrutura econômica que orbita atletas: marcas, plataformas, conteúdo, equity, franquias e mídia ao vivo. E esse é o futuro do nosso mercado.

🎢 Será essa a Disney da próxima geração? O maior criador do mundo, MrBeast, acaba de abrir seu primeiro parque de diversões na Arábia Saudita — o Beast Land. Mais uma vez, ele verticalizando sua atenção. Porque, com o feed lotado de marcas, vídeos e creators, o diferencial fica no simples: fazer as pessoas sentirem. E não existe IA capaz de replicar o impacto de experiências físicas, memoráveis e emocionais. Parques de diversão são, literalmente, engenharias de emoção — e o do MrBeast foi desenhado para isso (clique aqui para ver). Ele simboliza o movimento inevitável da economia criativa: creators viram marcas; marcas viram experiências; experiências viram diferenciação.

BIG STORY

A creator economy é uma bolha?

🫧 Uma bolha de mercado acontece quando o valor percebido de algo cresce muito mais rápido que o valor real. É quando todo mundo acredita tanto, coloca muito dinheiro, que o preço dos ativos dispara sem base nos fundamentos, até que tudo corrige: Euforia → supervalorização → correção → queda.

Mas é isso que está acontecendo com a creator economy? De forma objetiva: não. O que estamos vendo não é uma bolha, é uma redefinição estrutural.

(Imagem: Trend Report)

O fim do creator como conhecemos

O termo “creator” que usamos hoje significa qualquer pessoa produzindo conteúdo online. Só que de repente, milhões começaram a criar… e aí o termo esticou demaaaais.

Quando uma palavra passa a abarcar tudo, ela deixa de significar qualquer coisa. Hoje, “ser creator” pode ir de alguém fazendo dancinha no TikTok até alguém como a Manu Cit — com marca própria, operação, equipe e estratégia.

Então o mercado fez o que sempre faz quando uma palavra perde precisão: separa em categorias.

  • Criador de conteúdo → tem muitos.

  • Creator, no novo sentido → é quem constrói marca.

E é esse segundo grupo que explica por que marcas como Fenty, Chamberlain Coffee e MrBeast Burger existem. Elas não surgem de um viral, mas da eficiência de criar algo que as empresas tradicionais levam décadas para conquistar: proximidade, conexão e personalidade.

E o que está mudando tudo isso?

Simples: em poucos anos, teremos mais de 200 bilhões de criadores de conteúdo. Sim, mais criadores que humanos. Porque não seremos só nós publicando; serão bots também.

Quando todo mundo cria, conteúdo vira commodity. O volume cresce e o conteúdo, sozinho, deixa de diferenciar alguém. A diferença passa a estar no personal brand equity — a capacidade de construir uma marca pessoal consistente, reconhecível e carregada de valor. Porque, enquanto o conteúdo se multiplica infinitamente, marca não.

Como fica a creator economy daqui pra frente?

Esse novo cenário abre três caminhos:

(Imagem: Trend Report)

  1. A grande massa vira mídia de performance.

  2. O influencer tradicional encolhe, sobrevivendo apenas quem tem marca pessoal forte;

  3. Um grupo menor vira marca de fato, e é onde está o equity.

As empresas, por sua vez, começam a entender que não competem apenas entre si, mas também com creators. Por isso, começam a copiar o playbook: constroem narrativas contínuas, aparecem diariamente, criam personagens, estabelecem universos próprios.

De comunicar, passam a gerar conversar, disputando atenção no mesmo território cultural dos creatores. Em outras palavras, também começam a virar mídia e personalidade.

🫱🏼‍🫲🏾 E assim chegamos a um ponto de convergência: Quando o creator vira marca e a marca começa a operar como creator… linha entre eles desaparece.

E sobra quem entende que:

  1. Audiência própria é ativo; audiência alugada não é.

  2. Conteúdo é distribuição de confiança.

  3. Branding é equity, é o que fica quando o conteúdo passa.

Por que isso tudo prova que não estamos numa bolha?

Porque bolhas explodem quando o valor percebido é maior que o valor real. Aqui acontece o contrário: o valor percebido ainda está correndo atrás do valor real. E os dados mostram isso.

Nos EUA:

  • 56% das pessoas já compraram de creator-led brands entre Gen Z, sobe para 66%.

  • 70% dizem que esses produtos entregam o que prometem.

  • 13% confiam mais neles do que em marcas tradicionais.

Ou seja, não é modinha, é comportamento cultural. E no fim, o desafio talvez não seja o excesso de creators, mas, sim a escassez de marcas de verdade.

Porque creator que entende o jogo vira marca. Marca que entende o jogo vira mídia. E é essa convergência, não uma bolha, que vai moldar a próxima década da economia cultural.

ON THE RADAR

For creatores

Seja você uma marca-creator ou uma creator-marca 😉. Essas são algumas editorias de conteúdo que todos podem se inspirar.

Square | Finanças

A Square, fintech focada em pagamentos para pequenos e médios negócios, e que tem donos de restaurantes como um dos seus principais públicos, criou o podcast The Build. Em vez de vender produto, eles educam. O podcast traz histórias reais de quem abriu, quebrou, reconstruiu e aprendeu na prática o que significa build a restaurant. (Se aprofunde).

Ge Beauty | Beauty

O maquia e fala nunca sai de moda, só muda de forma. A Camila Coutinho criou a sua própria versão: ela vai até a casa de grandes influenciadores para arrumar o cabelo delas… enquanto fofocam. O quadro se chama Camila Coiffeur” e serve como porta de entrada perfeita para sua marca Ge Beauty, focada em produtos para cabelo.

Amazon Prime | Marketplace

Já falamos aqui do Boys Room, aquele canal creator-led nas redes que invade quartos de meninos bagunçados e transforma isso em conteúdo. Agora, a Amazon Prime Video faz o movimento óbvio de quem entende para onde o consumo está indo: pega a lógica do Boys Room e, junto com eles, cria o Girls Room — mesma narrativa, mas agora nos quartos das meninas inserido sutilmente seus produtos.

Blackstone | Finanças

Blackstone, uma das maiores empresa de private equity do mundo, também já está produzindo conteúdo. Ela criou o quadro “Between Two Meetings” para abrir a porta (controlada) do bastidor. Eles convidam profissionais da empresa pra conversar sobre o que estão fazendo “entre duas reuniões”. É curto, é real, é humano, mas sem perder o tom profissional.

DoorDash | Delivery

Esse é o novo quadro da DoorDash (o iFood dos EUA) chamado Fun Run RunClub. Com corrida em alta e atenção em baixa, a marca usa o fenômeno dos run clubs para retratar a vida social real: paquera, networking, dramas leves e estereótipos que todo mundo reconhece. No estilo mockumentary, parecendo entretenimento, não propaganda.

F1 | Esportes

Este é um belo exemplo de quando creator e marca se encontram, cada um usando o que tem de melhor. A Fórmula 1 quer falar com o público jovem e crescer fora da pista. Por isso, se junta à Amelia Dimoldenberg (Chicken Shop Date) para lançar Passenger Princess, uma série em que ela aprende a dirigir com pilotos de F1 como Carlos Sainz, George Russell e Oscar Piastri. Vale assistir.

Key takeaway:

Se tem algo que esses seis exemplos reforçam, é que o papel do creator expandiu. Ele deixou de ser só brand ambassador, alguém que emprestava a imagem e ia embora, para virar também um brand builder: alguém que constrói junto.

E o ponto é: conteúdo sozinho não diferencia mais ninguém. O que diferencia é transformar conteúdo em IP, propriedade intelectual (Definição de IP, clique aqui).

Takeaway: marcas que não se comportarem como creators vão perder espaço para creators que já se comportam como marca. E vice versus.

What now?

PARA CREATORES

O $$$ está em começar a agir como marcas.

Crie linhas editoriais, defina 1-2 temas dos quais você quer ser dono e de continuidade, construa universos e tenha POV.

Tenha uma estética identificável. As pessoas lembram de você por associações simbólicas. E tenha personalidade!

Use conteúdo como funil para algo maior. Leve as pessoas para um podcast, newsletter, comunidade, evento. Isso é owned media — e, portanto, um ativo seu.

PARA EMPRESAS

Tragam creators para perto dentro.

Criem hubs de conteúdo, programas de afiliados, espaços para UGC.

Eduquem criadores sobre o território da marca, cocriem, rodem pilotos, testem.

E, principalmente: reconheçam e recompensem quem entrega o que faz sentido para você.

Influência gera influência — as pessoas repetem aquilo que é reconhecido.

E essa é uma boa estratégia para ter mais conteúdos com a cara da sua marca.

BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque

🎤 Só pra adultinhos! Essa é a nova campanha do Canva com a Xuxa, a rainha dos baixinhos brasileiros. Já teve ela apresentando programa e até caçoando de suas polêmicas antigas..

👕 A Dinner with JBalvin? A Nude Project te ensina a como fazer um lançamento de campanha bem feito como essa aqui. Caraca, que genial.

🤶🏻 Behind every gret Xmas there's a woman. É essa a crítica da Diesel neste natal.

🥔 Será que em outras civilizações comiam batata assim? Olha que legal esse ad da Ruffles.

🧦 O Grinch usando Crocs? Sim, é isso mesmo, o sapato queridinho tá no pé dele.

🧙🏻 Branden-entretenimento. O novo filme de Wicked chega está semana, e o lançamento contou com mais de 400 collabs com marcas. Estratégico? Confira algumas aqui.

🍅 You can never go wrong with Heinz. Essa campanha transformou seus tomates em 34 personagens esportivos para os Jogos Nacionais da China. Te inspira para Copa?

❓ Você já testou o TikTok Shop? Seja você marca ou influenciador, esse conteúdo aqui de uma creator gerou performance. O que dá pra aprender com ele, e replicar, no seu?

TRENDING NOW

UM DVD

Nem lembrava mais o que era isso né? Pois é, veja como ele tem sido vendido agora: com tiktoks gravados.

UMA INSPIRAÇÃO

Esse artista funde duas imagens para fazer uma ilusão de ótica que te deixa perplexo. Coisa que chama atenção no feed.

UM PRODUTO

Esqueça as barrinhas de proteína: essa aqui é de carboidrato. A TRICKY chega com um branding supercool e pretende revolucionar o setor.

UMA DICA

Nenhuma ideia é 100% original. Veja como repertório é tudo aqui.

UMA ESTÉTICA

Fruitiger Aero… é assim que viamos o futuro até 2008 Kkkkk.

UMA PARÓDIA

Veja aqui — ela fala do futuro das plataformas e garante boa risadas.

ANOTA ESSA

Word of the Week: Edutainment

(marketing que educa enquanto entretém)

Para não sairmos da temática da edição, aqui vai uma palavra que se aplica ao que vimos hoje. E quem explica bem é Raindrop Agency, famosa pelos ads da Dr. Squatch.

Eles defendem que o problema das pessoas não está na atenção curta, mas na consideração curta. Ou seja: não é que ninguém presta atenção, é que ninguém te dá tempo para construir aquela história que começa devagar, cresce aos poucos e só tem clímax no final.

Então, em vez de fazer uma narrativa tradicional, o edutainment inverte a lógica: abre com um soco, educa no meio, diverte no final. Link para o vídeo.

LAST WEEK POLL RESULT:

Ano passado, a Coca-Cola lançou sua campanha de Natal feita com IA, e gerou polêmica. Esse ano, eles repetiram a aposta: O que vocês acharam sobre: Coca-Cola + IA + Natal ficou...

36.23% acredita que é uma escolha natural e 34% diz ser forçado.

“Cara, é UMA campanha. não é possível que até nessa UMA campanha, que foi o que gerou uma conexão histórica por várias gerações com o público, eles queiram automatizar, economizar, sei lá o que. acho meio porquice.”

“Sinceramente, se eu não soubesse que era feito por IA, nem teria percebido. Achei a ideia interessante… e conectou! Beleza, não são humanos, mas é uma propaganda — eles já retratariam um mundo “perfeito”, de comercial, de qualquer forma.”

“Como falar de humanos, sem humanos, sem nenhum sentido. Mesmo que fique bonito esteticamente, ou mais barato. A propaganda é para humanos. Natal é sobre sentimentos humanos. Poderia até usar IA, mas o humanos precisa prevalecer.”

“Achei acima de tudo provocador, pelo momento que os EUA vivem. a campanha ser em espanhol, conectado o "imigrante" a maior campanha deles que é a de natal.”

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