você não é racional

bom dia. em 1848, Phineas Gage sobreviveu a uma barra de ferro atravessando seu cérebro. manteve a inteligência intacta, mas perdeu algo crucial: a capacidade de decidir bem. a lesão atingiu justamente a área responsável por conectar emoção e decisão.

a partir daí, a ciência passou a entender que não decidimos apenas com lógica, mas por atalhos emocionais construídos ao longo do tempo. é por isso que marcas fortes não vencem só no argumento racional, mas na repetição de experiências emocionais consistentes. isso não quer dizer que mensagens racionais e táticas não funcionem — elas funcionam apenas quando a marca já está disponível na mente do consumidor, porque a razão não cria a escolha, mas ajuda a justificá-la. (Se aprofunde aqui).

uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭

POLL OF THE WEEK

Com o YouTube lançando planos e bundles, a Netflix negociando mega-deals com grandes estúdios e criadores virando canais próprios, a televisão não acabou — ela mudou de dono.

Conte o porquê e, na semana que vem, vamos compartilhar a resposta e os melhores comentários!

(Continue rolando para ver os resultados do poll da semana passada)

Agora você também pode nos escutar, clique aqui.

RESUMO DA SEMANA

Hot takes pelo 🌎

🎰 Prediction markets vão além. Com a plataforma Spike, essa lógica chega aos vídeos curtos: usuários recebem tokens para apostar se um conteúdo atinge (ou não) uma meta de views em 24 horas. Por enquanto, funciona como um jogo, sem dinheiro, mas a monetização está nos planos. Quando isso acontecer, creators passam a ganhar 1% do volume apostado em seus vídeos, independentemente do resultado. A tese? Ajudar pequenos creators, que têm dificuldade de monetizar. Tudo isso acontece num momento em que prediction markets estão se fundindo com a mídia, como a Kalshi, que já integra apostas em tempo real a veículos como CNN e CNBC.

📼 A Letterboxd quer resgatar a lógica do “offline”. Com mais de 24 milhões de usuários, a Letterboxd, uma plataforma que sempre foi sobre descoberta, entra agora no mercado de aluguel de filmes com o Video Store. Why? Depois de construir uma comunidade gigante de cinéfilos, o próximo passo é transformar curadoria em distribuição. Em vez de competir por escala com os streamings, a aposta é no oposto — poucos títulos, escolhidos a dedo, com tempo limitado e alta relevância cultural. A curadoria é feita pelo time da plataforma, guiadas pelos dados e pelo comportamento da própria comunidade.

🎬 A Disney acabou de “vender” o Mickey Mouse para a OpenAI. Enquanto muitos estúdios ainda temem que a IA destrua seus IPs, a Disney fez o oposto: entrou no jogo para governá-lo. Ao licenciar mais de 200 personagens para a OpenAI usar no Sora e investir US$ 1 bilhão na empresa, a Disney não está “liberando” seus personagens — está definindo onde, como e por quem eles podem ser usados, com guardrails claros. O resultado? Mais controle, mais presença cultural e personagens vivendo em ainda mais narrativas — agora dentro da lógica do UGC, do short-form e da IA, mas sob regras próprias. (Entenda mais).

🛒 Preço no supermercado? Depende de quem é você. Um estudo mostrou que, no Instacart — app que conecta consumidores a supermercados como Target e Safeway — pessoas diferentes veem preços diferentes para o mesmo produto, na mesma loja e ao mesmo tempo, com variações de até 20%. A plataforma está testando dynamic pricing: preços ajustados por algoritmos para medir a sensibilidade do consumidor. Segundo a empresa, são testes temporários e aleatórios. Seria o fim dos preços únicos? (Para se aprofundar).

BIG STORY

Vamos parar de tomar sorvete?

Imagem: Getty Image

A pergunta parece exagerada, mas os sinais estão aí. A Unilever decidiu se desfazer de todo o seu império de sorvetes, incluindo marcas como Ben & Jerry’s, Magnum e Wall’s, avaliadas em US$ 8,7 bilhões. O negócio será desmembrado em uma empresa independente, encerrando um ciclo no qual a companhia chegou a controlar cerca de 20% do mercado global.

O movimento não é pontual. O consumo per capita de sorvete nos EUA caiu 28% desde 1975, e a categoria se tornou uma das menos rentáveis da companhia. Mas o pano de fundo é maior do que sorvete.

O efeito Ozempic (e companhia)

📝Os GLP-1, como Ozempic, Mounjaro e Wegovy, criados originalmente para tratar diabetes tipo 2, viraram um fenômeno cultural e econômico. Hoje, mais de 16 milhões de americanos usam esses medicamentos, o equivalente a 6% da população adulta. O mercado deve movimentar US$ 150 bilhões até 2030.

O impacto já atravessa cadeias inteiras de consumo. Supermercados americanos registraram uma queda estimada de US$ 65 bilhões em vendas em 2024, companhias aéreas projetam economias milionárias com aviões mais leves e categorias ligadas a indulgência — como doces, snacks e sorvetes — sentem a desaceleração.

Importante‼️: não é só sobre “comer mais saudável”. O que tem causado mais impacto é na mudança do tamanho das porções — inclusive quando o consumo continua indulgente.

O que vem depois da caneta

Com o GLP-1 deixando de ser tabu e virando comportamento, algumas marcas passaram a ir além da venda da caneta, apostando na construção de narrativa, contexto e pertencimento.

A Voy, no Brasil, trabalha essa narrativa a partir das pessoas que escolhe para representar a marca. Ao se associar a influenciadoras como Thais Carla e Beta Boechat — nomes que já foram referência em pautas como body positive — a plataforma posiciona o GLP-1 como parte de uma nova identidade corporal e cultural, mais guiada e menos secreta.

Já a WeightWatchers, reposiciona o emagrecimento para uma narrativa de gestão de longo prazo, combinando comunidade, ciência e comportamento em vez de métodos pontuais. Seu Instagram virou uma plataforma de receitas saudáveis, enquanto a marca amplia presença no mainstream com publicidade em TV — como participações no programa da Jennifer Hudson.

A Noom Med leva esse movimento ainda mais longe. A plataforma combina prescrições de GLP-1 com coaching comportamental, monitoramento clínico contínuo e ferramentas de mudança de hábito. Na comunicação, aposta em celebridades como Rebel Wilson e em conteúdos educativos do tipo “What 100 calories really look like — Halloween edition”. O slogan é: micro-hábitos, micro-vitórias e micro-doses de GLP-1. É isso que a marca defende.

No fim das contas

A saída da Unilever do sorvete não é sobre o fim da sobremesa. É sobre um mundo que come menos, em porções menores, com mais controle e mais intenção. O sorvete não vai desaparecer. Mas o apetite — literal, cultural e simbólico — já não é mais o mesmo.

TREND TO WATCH

A estratégia da espera: Stranger Things

Faltam 16 dias para o lançamento da temporada final de Stranger Things. Ainda assim, a sensação é de que já estamos vivendo a série há meses. Por quê?

Porque a Netflix transformou a espera em ativo. Em vez de tratar o pré-lançamento como um intervalo vazio, construiu uma campanha baseada em acumular micromomentos de atenção até a chegada do grande evento.

A lógica começa pelo calendário 📆. Em vez de um único drop, a temporada final foi estruturada em três lançamentos estratégicos, distribuídos ao redor de datas simbólicas: Thanksgiving, Natal e Ano-Novo. Momentos em que famílias se reúnem, conversam, precisam de assunto e compartilham tempo.

Enquanto os episódios não chegam, a espera é preenchida — e vira oportunidade para marcas falarem, participarem e impulsionarem o evento. Na prática, os parceiros passam a fazer parte do marketing da série, ajudando a manter o assunto vivo por meses.

Isso vai de eventos físicos, como o passeio de bicicletas “One Last Ride” em Los Angeles, a uma avalanche de produtos licenciados — só com a Target, são mais de 150 itens. O trailer sozinho já não sustenta atenção. O que sustenta é o tempo, preenchido por produtos, experiências, ativações e conversas contínuas.

🇧🇷 Só no Brasil, Stranger Things já soma 26 parcerias, com marcas como McDonald’s, Nestlé e Pringles. Os pacotes de parceria variam de R$ 1 milhão a R$ 9 milhões.

No fundo, a Netflix está operando Stranger Things como Hollywood opera seus maiores blockbusters. Não por acaso, o plano vai muito além do final da série. Hoje, o universo inclui peça na Broadway, série animada em desenvolvimento, experiências físicas permanentes, um spin-off live-action anunciado e muito mais. E assim, ela está se tornando um dos maiores IP.

Key takeaway

A série nos ensina que esperar não é perder tempo. Quando bem trabalhada, a espera constrói valor, memória e desejo. A Netflix não apostou em um único grande momento, mas em dezenas de pequenos pontos de contato que, juntos, transformam o lançamento final em algo maior do que uma estreia.

Ou seja, se a sua marca está “esperando” por um grande lançamento, ou ainda nem saiu do papel, talvez este seja exatamente o momento de trabalhar. A espera, quando bem usada, não atrasa o valor. Ela o multiplica.

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BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque

🎁 Os calendários do advento estão trending again. Dá uma olhada no mega produto que a skims fez pra surfar na onda.

📱 A little connection goes a long way. É a premissa dessa campanha de natal da Meta, que posiciona o facebook como um “secret santa. So cool!

🎈Sua cidade tem IT no nome? CurITiba, ITajaí, ITu, ITabira entre outras, foram as cidades escolhidas para a divulgação em OOH da campanha da nova séria da HBO Max.

📺 Hoje é um novo dia.. de um novo tempo? Não, da HBO Max mesmo. O streaming escalou Giovana Antonelli para satirizar a tradicional vinheta de fim de ano da globo, criticando os clichês dos roteiros.

💌 Você revelaria a fraqueza do seu produto? O Tinder notou que muitos usuários estavam dando matches no automático, sem realmente analisar o perfil do “pretendente". Pra isso, lançaram uma campanha que convida usuários a monitorarem neurotransmissores, e assim, realmente comprovar o match.

🍌 A Uber Eats está reforçando a plataforma “Get Almost, Almost Anything” com 10 novos filmes que transformam itens comuns do marketplace em piadas visuais no estilo dad joke.

🗝️ Something old: essa campanha do Ikea mostra uma utilidade um de uma mesa de vidro, risos.

TRENDING NOW

UM CREATOR

Ele ganhou 1k de seguidores por dia durante 30 dias ao publicar vídeos de paródia fitness correndo 5 km diariamente.

UMA SACADA

Essa produtora está fazendo marketing de forma brilhante — seja usando uma chamada de Zoom para divulgar um filme ou anunciando em um jornal o noivado da Zendaya.

UMA FERRAMENTA

O Instagram lançou o Your Algorithm, uma nova ferramenta que permite ver e ajustar os temas que influenciam o que aparece no Reels. Um passo rumo a mais controle sobre o algoritmo?

UMA MARCA

Era a Adidas que dominava a cultura da corrida nos anos 90 e 2000. Veja como. Agora, a marca busca novas formas — como abrir um hotel híbrido — para reconquistar esse espaço.

UMA ESTRATÉGIA

Kim Kardashian estreia dentro do Fortnite, ampliando sua presença para as gerações Z e Alpha e transformando o jogo em mais um canal de branding, licenciamento e cultura pop.

UM ESTUDO

Entenda a psicodinâmica dos memes brasileiros nesta pesquisa completa.

ANOTA ESSA

Ragebait foi eleita pelo Oxford como Word of the Year. É, basicamente, conteúdo desenhado para provocar raiva. O formato começou com criadores e táticas clássicas de clickbait, mas rapidamente migrou para o marketing de grandes marcas. O motivo é: raiva chama atenção, o algoritmo favorece conteúdos de alto engajamento e, no fim do dia, isso pode gerar mais alcance — e mais lucro. Não por acaso, vimos muitos exemplos como a campanha da Friend AI e da American Eagle com a Sydney Sweeney.

LAST WEEK POLL RESULT:

A IA está deixando de ser “ferramenta” e começando a virar “camada de descoberta”. Qual canal você acha que perde força primeiro nesse novo cenário?

Entre os que ficam em destaque: 36.4% aponta SEO tradicional e 35.8% diz blogs e sites.

“O próprio buscador do google perde força, ultimamente eu pergunto tudo no chatGPT ao invés de perguntar no google.”

“SEO tradicional pensando nas métricas mais valorizadas de sessões e cliques. 70% das dúvidas superficiais são respondidas com AI Overview, então o tráfego vai cair. Mas o tráfego de qualidade (e tbm o que vai das IAs) continua sendo essencial.”

“…Não dá para competir com a memória e o acesso à informação da IA. As pessoas terão que dar um passo além para continuarem relevantes no mercado. ”

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