
porque voltamos à TV
bom dia. o comportamento humano raramente rompe com o passado; ele se move como um pêndulo, retornando a padrões antigos quando o contexto muda. não é que as tendências desapareçam — elas reaparecem sob outra lógica, outra tecnologia, outra escala. e, quando observamos os nossos hábitos de mídia hoje, esse retorno fica mais evidente do que parece.
afinal, como esse livro aqui lembra, a melhor forma de prever o futuro é olhar para o passado e identificar o que nunca mudou.
uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭
POLL OF THE WEEK
A OpenAI entrou oficialmente em code red para responder ao avanço do Gemini, o Google expandiu o AI Mode e a Anthropic acelerou distribuição com campus clubs. Três sinais do que a IA está deixando de ser “ferramenta” e começando a virar “camada de descoberta”.
Qual canal você acha que perde força primeiro nesse novo cenário?
Conte o porquê e, na semana que vem, vamos compartilhar a resposta e os melhores comentários!
(Continue rolando para ver os resultados do poll da semana passada)
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Agora você também pode nos escutar, clique aqui.
RESUMO DA SEMANA
Hot takes pelo 🌎
🎅🏻 Em 2026, vai dar live shopping. Mas não do tipo que você lembra da Polishop. Estamos falando do que a Kim Kardashian fez com o Kimsmas Live! (vale ver um corte aqui): ela não fez uma live de vendas. Ela transformou a Skims numa mistura de SNL shoppable com reality show: quadros próprios, convidados, humor, narrativa de marca e ofertas exclusivas. Foi, literalmente, o primeiro episódio do futuro do comércio: o commerce-tainment — quando o show é o produto, e o produto só pega carona. E não é exagero: na China, 25% do e-commerce já acontece via lives.
🪁 Esporte virou status. Não apenas pelo desempenho, mas pelo contexto que ele revela. Praticar um esporte hoje é um marcador social: tempo livre, liberdade geográfica, poder aquisitivo, pertencimento e propósito. E a SOTO, é uma marca do universo de Kitesurf que entendeu isso muito bem e está começando se inserindo em um código cultural: técnico, belo, viajável e aspiracional.
📺 O maior drama de Hollywood em 2025… é Hollywood. Você provavelmente viu o deal de US$ 82,7 bilhões que coloca a Netflix prestes a engolir a Warner Bros. Mas mais do que uma aquisição gigante, esse acordo simboliza a troca definitiva de guarda: o streaming venceu. Se passar, a Netflix salta para 420 milhões de assinantes e, pela primeira vez, ganha algo que sempre foi sua fraqueza: um arsenal de IP centenário. Mesmo que reguladores bloqueiem o deal, a mudança macro já está dada. A economia da atenção migrou para telas menores, ciclos mais curtos e produções muito mais baratas.
📈 O que Prediction Markets têm a ver com marketing? A essa altura, você já deve ter ouvido falar da Kalshi — a plataforma baseada em prediction markets. Eles não funcionam como betting, onde você aposta contra a casa, a plataforma define o preço, controla o risco e lucra na diferença. Nos prediction markets, usuários negociam probabilidades entre si — o preço nasce do próprio mercado. E, com esse tipo de plataforma ganhando tração, surge um novo termômetro de expectativas públicas em tempo real, que alguns argumentam ser mais confiável do que pesquisas tradicionais. E expectativas, assim como atenção, movimentam mercados. Por isso, se previsão vira produto, é provável que marcas passem a acompanhar probabilidades de comportamento através dessas plataformas como insumo estratégico para campanha, estoque, reputação…
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BIG STORY
Tudo é Televisão?
Parece contraditório, sabemos. Mas fica com a gente, vamos refletir. Começando por onde consumimos informação hoje:

As redes sociais. Da própria boca da Meta: apenas uma pequena parcela do tempo gasto em serviços da empresa, 7% no Instagram e 13% no Facebook, envolve conteúdos de amigos. A maioria do tempo gasto está em assistir vídeos, principalmente curtos, desconexos entre si e entregue por um algoritmo de recomendação. Ou seja: as redes deixaram de ser sociais e se tornaram visuais.
Os podcasts seguem caminho parecido. O videocast cresce 20x mais rápido que o áudio, enquanto o YouTube vira uma das maiores plataformas de podcasts do mundo.
E então entra a IA. Ferramentas como Vibes (Meta) e Sora (OpenAI) agora conseguem gerar infinitos vídeos novos. Com a dinâmica do 90/9/1 — 90% consome, 9% remixam, 1% cria — o feed fica ainda mais próximo de um fluxo contínuo.
Viu a conexão? O P.O.V aqui não é a televisão como aparelho ou meio tradicional, mas como forma, como experiência: um fluxo infinito de vídeo, contínuo, fácil, emocionalmente estimulante e sempre disponível.
Quando olhamos por esse ângulo, percebemos que o conteúdo online se torna menos social e mais parecido com televisão — aquilo que Derek Thompson chama de “força gravitacional da mídia”.
Pensa assim: É como jogar um dado dentro de um pote redondo: ele pode quicar por todos os lados, mas tende ao centro. No sistema de atenção de hoje, esse centro parece ser o vídeo contínuo.
E por quê?
Porque a televisão foi a primeira mídia criada para não ter fim. Um teatro acaba. Um livro acaba. Um podcast tradicional acaba.
A televisão, nesse estado permanente de vídeo, flui. E é esse fluxo que se torna dominante: não o conteúdo, mas a sensação; não a história, mas o movimento; não a intenção, mas a permanência.
Nessa lógica, o TikTok talvez seja a expressão mais pura da televisão moderna: “mais TV do que a TV”, porque existe para continuar. Você abre o app para cair em um fluxo, não para escolher um episódio.
E na prática, vemos isso se manifestar: A Globo fazendo série nas redes sociais com a Jade Picon. A Kim Kardashian transformando live shopping em entretenimento infinito. Marcas virando produtoras de vídeo em escala.
What the takeaway?
Talvez a televisão vai sempre existir, e o resto da mídia vai convergir para a sua lógica. Quando entendemos a TV como formato (um fluxo contínuo e sempre disponível), fica claro por que textos, fotos, posts, podcasts e IA começam a adotar a mesma arquitetura.
No fim, a televisão é menos sobre onde ela acontece, e mais sobre como consumimos.
Essa é uma reflexão baseada no estudo do jornalista Derek Thompson.
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TREND TO WATCH
O futuro é Interest Media
Qual desses você se identifica mais?

Seja corrida, filmes ou gastronomia, alguém lá fora também ama. E o algoritmo vai juntar vocês. Mas não por acaso: por interesse.
Como vimos, pouco do que chamamos de social media hoje é, e fato, social. Nosso feed deixou de ser um lugar para acompanhar amigos e virou um sistema de distribuição operado por IA. O que importa não é quem você segue e conhece, mas o que você demonstra interesse.
É por isso que Gary Vee defende que a era da “social media” acabou; começou a era da Interest Media. Pensa só, no modelo antigo, você acumulava seguidores e, com isso, garantia um alcance mínimo.
Esse modelo acabou. No modelo de Interest Media:
O conteúdo encontra a audiência, não o contrário. O algoritmo não entrega mais com base em seguidores, relação social, mas prioriza interesse.
Seguidores perderam relevância. Um criador com zero seguidores pode viralizar porque tocou em um interesse específico de alguém.
O nicho é você. Porque paixão + interesse = distribuição automática.
Isso cria uma avenida para quem está começando: um dono de lavanderia pode, no vídeo #9, bater 1 milhão de views. Não existe mais “começar do zero” — existe começar de um interesse. Com isso, a melhor forma de chamar atenção neste novo modelo é:
Fale com alguém, não com o canal. A linguagem segue a audiência, não a plataforma.
Humanize. Gente puxa atenção e gera identificação.
Provoque interação. Interagir nos tira do piloto automático. E transforma consumo passivo em consumo ativo.
Cruze canais. O mesmo conteúdo vive em tons e tempos diferentes.
Porque no fim…
O futuro da mídia é feito de micro-mundos. De gostos hiper-específicos. De pessoas se encontrando não por laço social, mas por afinidade de interesse. E se antes falamos do formato, agora entramos no conteúdo que realmente se destaca dentro dele.
Quanto mais específico, mais escalável. Quanto mais autêntico, mais distribuível.
Porque o algoritmo não distribui atenção, mas sim organiza interesse. Ou seja, a sua timeline (ou a do seu público-alvo) vai ser um catálogo infinito de seus vícios. E a melhor forma de chegar até ela é compartilhando um interesse em comum.
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BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque
🧴 Guarde as antigas cartas de amor… se lembrou da música filtro solar? Se você não sabe, o Pedro Bial também canta, e nesse fim de ano, a Reserva o convidou para uma releitura da sua canção icônica. Ps: a editora chorou.
🟪 Seu dinheiro na poupança vs seu dinheiro no Nubank. O banco roxinho promoveu uma ativação em OOH com duas árvores de Natal, que comparam rendimentos.
🎁 Seu namorado está pedindo pro ChatGPT o que comprar de Natal pra você? Essa campanha da Locker brinca com essa verdade — ninguém sabe mais o que dar e todo mundo terceiriza pra IA — e vira o atalho pra organizar desejos e acertar no presente sem perder o toque pessoal. Simples e criativa, vale conferir.
👜 Chanel no metrô de Nova York? Pois é. A marca está ocupando os espaços por onde a cultura circula — do subway a uma livraria de arte na China — num movimento de reconexão e presença física que traduz seu luxo pro mundo real.
🍕Coma pizza, não pessoas. A Pizza Hut Canadá lançou a UFOOH, a 1ª campanha de outdoors voltados para o céu — surfando o hype do cometa 3I/ATLAS e “convidando” alienígenas para provar pizza, caixas espaciais e até cupom de first contact caso algum ET apareça.
🍺 Brahma Convoca Ancelotti. Já em clima de copa 🇧🇷 do mundo, a cerveja convidou o técnico da seleção para ressuscitar a fé do torcedor brasileiro.
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TRENDING NOW
UM CASE
Aqui você consegue acompanhar a jornada de sucesso de estratégias de marca como McDonald’s, Starbucks, YouTube, Amazon… Muito bacana, vale ver.
UM DOCUMENTÁRIO
The New Yorker acaba de lançar o seu — mostrando, com maestria, como a marca se manteve viva e relevante por 100 anos. Vale cada minuto.
UMA MARCA
Acreditamos que as marcas mais relevantes de hoje vivem tanto online quanto offline — e essa nova marca aqui está fazendo isso com criatividade.
UM PODCAST
O que ainda funciona no marketing em 2025? Vale escutar esse papo entre Rapha Avellar e o Bruno Nardon!
UMA COR
Cloud Dancer, eleita pela Pantone como a cor do ano.
UM ANÚNCIO
Os que você poderá veicular no ChatGPT, em breve. Ao que tudo indica, esse é o próximo passo da plataforma.
LAST WEEK POLL RESULT:
A Black Friday deste ano foi...
34.06% apontou “Mediana — muito ruído, pouco benefício concreto.”
“O mundo é feito de ruídos atualmente...infelizmente não é apenas sobre BF. É sobre qualquer coisa que acontece em nosso dia a dia... é mais do que o produto, é mais o que o benefício.. é tudo sobre o BUZZ. Mundo poluído o nosso! ”
“Mercado Livre estava flutuando na competição haha. Investiram em varias ativações consistentes na TV, com alta atenção e em eventos grandes, investiram em pop-ups premiados e até em ads em todas as redes sociais relevantes.”
“Desconto de 10% é promoção de Dia do Cliente. As lojas deviam se organizar para oferecer descontos de verdade. ”
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