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05/05/2025
O mercado não é só o que existe, é também o que pode ser criado, o comeback dos mascotes, hot corner e as campanhas da semana.

errar hoje custa caro
bom dia. um post errado e lá se vão anos de construção. mas, ao mesmo tempo, não ousar também cobra um preço — o da irrelevância. dá pra entender por que tantas marcas estão trocando humanos por mascotes, conversa por roteiros, ousadia por previsibilidade. é mais seguro, claro. mas vale lembrar: cultura forte não nasce do medo. ela nasce quando você pode se arriscar — e ainda assim saber pra onde voltar.
uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭
COMPORTAMENTAL
A marca que mudou o paladar de um país inteiro

Make them like it. Foi exatamente isso que a Nestlé fez com o café no Japão. Não com força. Nem com preço. Com psicologia. 🧠
Nos anos 70, a marca resolveu expandir seu carro-chefe, o Nescafé, para o mercado japonês. O plano fazia sentido: o Japão vivia um boom econômico, e a Nestlé já tinha colhido bons frutos com café instantâneo na Europa e na América do Norte.
Mas o que funcionava no Ocidente não colou no Oriente.
Mesmo com campanhas bem feitas, pesquisas de mercado e todos os ingredientes clássicos do marketing, os japoneses continuavam preferindo chá 🫖. Café soava amargo, invasivo, estrangeiro. O produto não falhava em qualidade, mas a categoria falhava em significado.
Foi aí que a marca fez algo genial, que poucas se arriscam a fazer: em vez de mudar o produto, decidiu mudar o gosto.
A estratégia? Começar pelas crianças.
A Nestlé contratou Clotaire Rapaille, um psicanalista e especialista em comportamento do consumidor, que trouxe uma ideia radical: se o café não fazia parte da memória emocional dos japoneses, era preciso criar essas memórias do zero.
A solução? Doces com sabor de café.
Afinal, todo mundo gosta de doce, especialmente as crianças. Esses chocolates rapidamente caíram no gosto delas. Sem perceber, estavam criando uma relação afetiva com aquele gosto. O amarguinho que antes causava rejeição agora soava familiar — quase nostálgico. | ![]() |
Esse movimento ativou dois efeitos conhecidos na psicologia:
Rosy retrospection: a tendência de lembrar do passado com mais carinho do que ele realmente foi.
Efeito halo: quando uma coisa boa (os doces) faz a gente gostar de outra (o café) sem nem perceber.
Resultado? Uma década depois…
Quando essa geração virou adulta e entrou no mercado de trabalho, a Nestlé lançou uma nova leva de cafés no Japão. E dessa vez, não teve resistência.
O paladar já estava treinado. A lembrança, ativada. O gosto, conquistado.
Hoje, o Japão é o 7º maior importador de café do mundo, movimentando um mercado de US$ 1,56 bilhão em 2023. Ou seja, o produto era o mesmo. O que mudou foi o que ele passou a representar.
Em vez de brigar com a cultura japonesa, se infiltrou nela com visão de longo prazo — e criou uma nova memória coletiva em torno do café. Porque marcas fortes não vendem só produtos. Vendem símbolos que fazem sentido culturalmente.
⭐ KEY TAKEAWAY:
- Produto, por si só, não basta. É preciso significar algo — marcas culturalmente poderosas não competem por funcionalidade, mas por significado simbólico.
- Memória vence argumento — o consumidor não responde à lógica, mas aos códigos emocionais gravados no inconsciente.
- Ter uma estratégia de longo prazo é sempre vantajoso — branding não se faz com uma só campanha. É construção. E construção cultural exige paciência.
- O mercado não é só o que existe, é o que pode ser criado — o Japão não era um país de café. Agora é. Porque, quando você entende cultura, você não ocupa mercado — você molda mercado.
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TRENDING NOW
O comeback dos mascotes
Parece que eles só tinham dado um tempo. Nos últimos meses, várias marcas decidiram apostar (ou re-apostar) em personagens para chamar de seus:

As figuras que foram responsáveis por popularizar muitas das grandes marcas que conhecemos hoje nos anos 80 e 90, parecem estar de volta, e dessa vez, estão assumindo o lugar de influencers e celebridades.
Mas por quê?
🎨 Eles são o alter ego da marca. Mascotes falam coisas que a marca sozinha não pode dizer. Enquanto o universo dos mascotes pertence inteiramente ao território da marca, os influencers são pessoas físicas que transitam entre diversos territórios, com uma narrativa individual — que, se não for bem amarrada, soa forçada.
🚨 Tudo é um ato político. E a tensão vivida mundialmente, principalmente nos EUA, tem colocado essa pauta em voga cada vez mais. Influenciadores e celebridades são constantemente cobrados a expor suas opiniões e fiscalizados por suas atitudes — o que foge do controle da marca que os contrata. O risco é alto, uma única associação errada pode fazer estrago em crise — e um mascote provavelmente não será cancelado por causa de um tweet de 2010.
🤖 É mais barato. E hoje, a IA consegue proporcionar mascotes muito mais realistas e viáveis. Os criativos podem se multiplicar em segundos, sem cachê e sem burocracia.
Em termos de conversão, é improvável que um comprador se converta explicitamente por causa de um mascote da marca. Mas um elemento humanizado da marca pode suavizar essa jornada, criando uma afinidade entre a marca e o comprador. Duvida?
A Domino’s ganhou 10 mil seguidores em um dia só por lançar o mascote Mac Scott.
Segundo a System1, anúncios com personagens de marca no Super Bowl tiveram média de 3,8 estrelas (mesmo sendo só 10% dos casos). Os com celebridade? Só 2,7 estrelas — mesmo representando 39% dos comerciais.
Eles comprovadamente impulsionam métricas como Ad Recall, Likeability e Messaging.
🧠 Enquanto a tendência parece ainda não ter chegado com tanta força no Brasil, a gente observa a obsessão lá fora e reflete: como você acha que isso vai ser projetado aqui dentro? Conta para gente.
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FUN OF THE WEEK
Quase um quem sou eu
Agora é sua 🫵🏻 vez de adivinhar: quem são esses mascotes icônicos do Brasil e do mundo?

Fui criado no século XIX e sou considerado um dos mascotes mais antigos da publicidade. Mesmo parecendo um boneco de marshmallow 🍬, na verdade, sou feito de algo que ninguém deveria comer.
Meu rosto é pintado 🎨, mas minha estratégia é séria: fui criado pra transformar uma cadeia de fast-food em parque de diversão. Ganhei amigos, playgrounds e até uma fundação filantrópica com meu nome. Já tentaram me aposentar, mas sigo vivo no imaginário coletivo como um símbolo de consistência publicitária.
Sou líquido, mas tenho braços, pernas e uma autoestima lá no alto 💁♂️. Nasci pra fazer parte do lanche das crianças, e virei até meme por causa da minha personalidade exagerada. Meu briefing era simples: me tornar o produto em pessoa — e até hoje dou conta do recado.
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TO KEEP YOU INTERESTING
🔥 Hot corner 🔥
🤳🏻 Creator alert: Essa menina mostrou que, com uma série de Reels, narrativa bem construída e um bom gancho, até o algoritmo se rende. E essa outra mostrou que autenticidade é estratégia.
📚 Worth a Read: Esse é o livro escrito pelo cara que a Nescafé contratou (que você leu ali em cima) — fissurado em entender o “porquê” por trás das nossas escolhas. Ele defende que cada cultura tem códigos inconscientes que moldam como a gente enxerga tudo: sucesso, beleza, trabalho, carro… até o amor. E mostra como marcas podem usar esses códigos pra criar conexão emocional de verdade.
🤔 Did You Know? Que essas marcas famosas têm significados escondidos em seus logos.
📊 Poll of the week:
Qual canal você acha mais confiável quando uma marca se comunica com você? |
Me conte mais sobre sua opinião — ela é anônima, e compartilharemos os resultados na próxima semana.
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BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque
🏅 Tudo tem seu lado bom. E essa campanha da Gatorade mostra como desilusões amorosas são motores para grandes atletas.
🍺 Social off socials. Em uma realidade distópica onde os influencers não tem mais seguidores ativos, a Heineken estreia Camila Coutinho e Joe Jonas… é isso mesmo que você ouviu.
🎤 A Gaga não vem mais? Enquanto o Rio de Janeiro inteiro aguardava pela aparição da Gaga na porta do Copacabana Palace, a Disney fez isso aqui.
🍻 Voo atrasado é sempre um stress. Mas pra Stella Artois, pode ser um brinde — como diz essa campanha deles em aeroportos atualizada em tempo real.
🧴 Lembrar dos anos 90 pode causar... rugas. A Neutrogena revive o auge de Beverly Hills, 90210 pra vender seu sérum anti-idade — e faz isso com tanto detalhe que até o 4:3 e a granulação vintage estão de volta. Dá uma olhada aqui.
👩👧 Toda mãe também é filha. No Dia das Mães, o Mercado Livre trocou o foco no bebê pra homenagear quem cuida da mulher que acabou de parir: sua própria mãe. Assista aqui.
🧼 Pantene vencido, campanha nova. Depois que um vídeo da Alix Earle viralizou no TikTok elogiando como o Pantene vencido ainda fazia efeito, a marca entrou na brincadeira — e lançou uma campanha inteira (com direito a linha co-criada). Check out.
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TRENDING TOPICS OF THE YEAR
Marcas precisam seguir a cultura 🔥
Para sempre ficarmos de olho nos principais assuntos abordados, deixamos aqui os que ficaram mais em alta segundo o Google Trends nesta última semana (top 5):
Copa do Brasil (torneio de futebol) ⚽
Lady Gaga 🎤
Dia do Trabalhador (feriado) 🛠️
UEFA (torneio de futebol) 🏆
TV Globo 📺
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Before 👋🏻 coisas que você precisa saber
🎤 Tem como falar da artista sem mencionar o nome dela? Vem entender como essas marcas deram aula de semiótica com as restrições da Gaga no Brasil.
👉 Esse estudo mostra que tipo de anúncio a gente mais confia, em quais categorias a marca faz diferença de verdade, quem são as pessoas que a gente escuta antes de decidir — e muitas outras coisas.
🌀 Troca tudo. Em 2025, rebranding virou moda — e tem de tudo nessa passarela: da farmácia Pague Menos à construtora Odebrecht, até o Chiquinho Sorvetes resolveu mudar de cara.
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até segunda-feira que vem, byeeeeee! 👋🏻

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