O que importa mais: o conteúdo ou o formato?

bom dia. a história mostra que não existe qualidade que sobreviva a um meio que não favorece você. linguagem, ritmo, canal — é o formato que molda comportamento, não a intenção. produtos não competem sozinhos: competem dentro do formato que os carrega. e quando o formato muda, ele reescreve preferências, altera atenção e redefine quem o mercado decide amar. por isso tantos “fracassos” não são falta de valor, mas desalinhamento de mídia. porque o contexto vale mais que o conteúdo.

uma fonte de inspiração para os seus conteúdos, estratégia e uma pitada de insights para sua marca. 💭

POLL OF THE WEEK

Ainda vale comprar na Black Friday? Este ano tivemos a chegada do TikTok Shop; Globo e SBT transformando a data em entretenimento; e a inteligência artificial entrando no jogo (destaque para Hering). Mas, no fim do dia, com marketplaces empurrando oferta o ano inteiro…

Conte o porquê e, na semana que vem, vamos compartilhar a resposta e os melhores comentários!

(Continue rolando para ver os resultados do poll da semana passada)

Agora você também pode nos escutar, clique aqui.

RESUMO DA SEMANA

Hot takes pelo 🌎

💍 Oura Ring quer virar fintech. O anel que até então tinha foco em saúde — sono, ciclo, estresse, agora quer ser sua chave, seu login, sua carteira e seu cartão. Do ponto de vista do consumo, o impacto é grande: pagamento vira frictionless, é só se aproximar com seu anel e acabou. Já a personalização sai do comportamento e se estende para o corpo: dormiu mal? A loja te oferece um café. Viu um produto e o batimento aumentou? Interesse detectado. E quanto mais dados entendem você… mais fluida vira a compra. E quanto mais fluida a compra… mais você compra.

📚 Gerar experimentação vs. criar hábito. A estratégia da Anthropic para fazer as duas coisas: entrar pela porta da frente das universidades com os Claude Builder Clubs — hackathons, demo nights e uma oferta impossível de recusar (Claude Pro grátis, créditos de API e até dinheiro para quem virar embaixador dos clubes). A ideia é transformar o campus em canal de distribuição, branding e retenção, capturando não só os alunos técnicos, mas principalmente quem nunca programou e, justamente por isso, pode adotar Claude como 1ª referência.

💭 A melhor forma de chamar atenção ainda é usando criatividade. Essa marca londrina que vende puffer jackets está dando uma aula de anúncios criativos na era da attention economy. Eles criaram um canal no YouTube com vídeos que parecem mini-docs — narrativa, personalidade, estética descolada. Já no Instagram, equilibram humor com identidade e um certo romantismo de marca. Veja só. Esses conteúdos despertam a vontade de descobrir mais sobre o produto. Você vai para o site. E aí, quando chega lá… você não entra. Acesso só com senha. Ou entrando numa waitlist. A frustração de não ter acesso transforma curiosidade em desejo. Simples assim. Nem sempre o melhor gatilho é entregar tudo, mas criar uma barreira onde o acesso ao produto vira conquista e, portanto, traz uma sensação de recompensa.

👟 Como Joe Preston recolocou a New Balance na disputa. O CEO assumiu a marca com o desafio de tirá-la do estereótipo de dad shoes — e sete anos depois ela deve ultrapassar US$ 9 bi, quase o triplo do pós-pandemia. Sua virada começa ao definir um novo alvo: o global independent — jovens urbanos, individuais, globais. Para acelerar a transição, criou times de sprints. Depois, empurrou a marca para o premium, aumentando preço junto de brand heat via atletas e colaborações. Ajustou a distribuição para o upper premium — menos desconto, mais valor. E reforçou produção nos US, custosa, mas poderosa para diferenciação, afinidade e narrativa institucional. (Leia mais)

BIG STORY

Como a mídia criou, e depois derrubou, o maior esporte da América

Era 1921 quando a mídia mudou o rumo do beisebol.

Até então, o esporte era um fenômeno local. Você só sabia o que acontecia se estivesse no estádio — ou se esperasse o jornal do dia seguinte. Nas ruas, os lances chegavam por placares improvisados, megafones, telegramas. Era um esporte preso ao físico.

Até que, naquele ano, o beisebol entrou no rádio.

5 de agosto a KDKA transmitiu o primeiro jogo ao vivo. A narração era crua, quase telegráfica. Factual, sem narrativa, sem cor. Mas bastou.

Pela primeira vez, milhões podiam acompanhar o esporte em tempo real, mesmo longe do estádio. E o rádio, naquela época, não era consumido como hoje — no carro, na cozinha, no fone.

Ele era consumido na rua: calçadas, praças, vitrines de loja. Pessoas de classes, origens e gêneros diferentes, inclusive mulheres, até então excluídas dos estádios, passaram a ouvir juntas. O beisebol virou experiência coletiva.

Nos anos 1930, algo importante muda: o rádio entra para dentro de casa. Os aparelhos se popularizam. NBC e CBS criam suas redes nacionais. O rádio deixa de ser só público.

O locutor passa ser uma voz distante mais íntima e emocional. O torcedor sente que ele fala direto com você. Não é mais só esporte: é companhia. É o que você ouve enquanto cozinha, almoça, arruma a casa.

Em 1939, uma decisão judicial transforma a transmissão em propriedade privada. Ou seja: agora a liga podia vender patrocínios, contratos, acordos de mídia. Onde isso acontece, você já sabe — entra dinheiro. E o beisebol vira produto midiático.

Quando isso acontece, a narração deixa de apenas registrar os lances e começa a ganhar narrativa. Os narradores trazem mais personalidade e ganham seu próprio tom. Com investimento, a presença do rádio chega a mais lugares. E com maior alcance e atenção, narradores viram celebridades; jogadores ganham mais visibilidade e mais contratos.

E marcas começam a investir mais, escalando o esporte. Foi assim que o rádio monetizou o beisebol — e o transformou em negócio.

Mas aí veio outra virada de chave.

A chegada da televisão. A mesma mídia que dá… tira.

O beisebol reina até os anos 1960, mas reina no formato que o consagrou: o áudio. Quando a TV chega, ela exige outra linguagem. Outro ritmo. E é aí que o esporte perde tração.

A NFL fecha seus primeiros contratos nacionais — e explode. Por quê? Porque o futebol americano é perfeito para a tela: rápido, visual, cheio de highlights. A NBA cresce pelo mesmo motivo. Mas o beisebol… não.

O que fazia sentido no rádio — o tempo, o silêncio, a imaginação — não se traduz na TV. O espectador moderno, acostumado a trocar de canal com um clique, achava o ritmo lento.

E quando a concorrência explode — NFL, NBA, Premier League, videogames, TikTok — tudo fica ainda mais rápido. Enquanto isso, o beisebol desacelera. O jogo médio salta de 2h33 (1960) para 3h10 (2021). Há menos bola em jogo, mais strikeouts e poucas estrelas reconhecidas nacionalmente.

Hoje, só 11% dos adultos dizem que o beisebol é seu esporte favorito. Entre jovens até 30 anos esse número cai para 7%.

O esporte que dominou pelo rádio perdeu na transição para a tela. Mas o beisebol não deixou de ser bom. A qualidade não mudou. O que mudou foi que ele deixou de ser bom no formato dominante.

E esse é o nosso KEY TAKEAWAY:

Não é só o esporte que importa — assim como tantas vezes não é o produto, nem o serviço, nem o conteúdo em si. É o formato que conta a história.

O formato muda tudo: a percepção, a experiência, o alcance. Então, se algo não estiver funcionando, talvez não seja o produto que você precise questionar, mas sim o formato.

BRAND MARKETING CASE STUDY

P.O.V: Baly

Como, hoje, em um mercado saturado, novas marcas ainda conseguem ganhar relevância. O case do energético Baly.

🔎 Zoom out: Por muitos anos, a categoria de energéticos no Brasil seguiu um padrão: embalagens pequenas, preços mais altos e um posicionamento aspiracional. Até que uma marca 100% brasileira decidiu olhar para o comportamento antes de olhar para a categoria.

A Baly cresceu não pelo produto em si, mas pela ocasião de consumo. E reconstruiu os 4Ps a partir dessa lógica.

🍹 PRODUTO

A marca partiu do gosto do brasileiro. Investiu em sabores familiares no litoral, no interior, no dia a dia e no baile:

Açaí, coco, tangerina, frutas vermelhas e tropicais.

É um portfólio que conversa com o copão, o drink coletivo, a cultura de dividir — e não apenas com o consumo individual.

🏪 PRAÇA

A expansão começou de baixo para cima. Cresceu primeiro nas regiões periféricas, no interior, em bares de bairro, adegas e conveniências — pontos de venda onde o consumo realmente acontece. Assim, se conectou ao cotidiano do público e estabeleceu presença onde o jovem circula.

💲PREÇO

A decisão de trabalhar com garrafas PET de 2l foi estratégica. O formato atende grupos que preparam drinks para várias pessoas e buscam melhor custo por litro.

Isso reduz a barreira de entrada, aumenta volume e adequa o produto ao hábito brasileiro de consumir em conjunto.

O “beber junto” virou parte do produto.

🗣️ PROMOÇÃO

A comunicação nasceu da cultura local. A Baly se consolidou em funk, trap, sertanejo, parcerias com DJs, MCs e creators do lifestyle noturno.

O objetivo foi construir uma imagem com identificação e proximidade, antes mesmo de campanhas tradicionais.

E lá fora? O mesmo movimento já começou. Três marcas que, como a Baly, venceram não pela fórmula, mas pelo seu P.O.V (ponto de vista:)

  • Celsius: É o energético do treino. Vende “energia limpa”, pré-treino, performance saudável. POV: fitness & wellness.

  • Prime. É o energético da cultura creator. Viralidade, comunidade, FOMO, fandom. POV: internet & influência.

  • ZOA. É o energético da disciplina. O storytelling do The Rock, mindset guerreiro, performance diária. POV: força & identidade pessoal.

Cada uma escolheu um território emocional distinto. E escalou a partir dele.

Key takeaway:

A Baly, assim como essas marcas globais, nasceu de um nicho, consolidou um contexto específico — e só depois expandiu.

Em categorias competitivas, e com baixa barreira de entrada, o diferencial raramente está no sabor, no ingrediente ou na embalagem. A diferença está no P.O.V. No território que a marca decide liderar.

Funciona assim: Você conquista o produto depois. Primeiro, você conquista as pessoas, a cultura. E melhor ainda se conseguir chamar elas para co-construir.

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BYTES TO BITE
Um giro pelas últimas campanhas de destaque

🥚 Ovos da Gracyanne Barbosa? Nessa altura você já deve saber que se tratava de uma campanha do Canva, que mobilizou diversos influenciadores e ficou demais. Confira os bastidores dessa criação aqui.

📺 Só se fala em Stranger Things… e aqui está uma coletânea das melhores campanhas que surfaram nesse hype: Gatorade resgatou um jingle de 1987 para usar a temática, o Google alterou o design da sua página de busca e o Mc lançou combos temáticos.

🎄Você já sofreu bullying na sua própria família? Essa é a temática da campanha de Natal atual da Boticário. A marca tem usado da estratégia de curtas em datas comemorativas há alguns anos.

🚗 Uber quer te fazer pensar. A nova ação em mídia OOH da marca consiste em te lembrar quando o app é útil, como ao comprar uma melancia no mercado ou treinar perna na academia.

🇧🇷 Amstel resgatou a campanha clássica da Amanco. Nesse final de semana, o Flamengo foi campeão da Libertadores e a marca de cerveja resolveu comemorar lançando essa campanha que revive um clássico. Clique aqui pra ver se você se lembra.

🥫 Rótulos que falam. A Nestlé adaptou 1.200 embalagens para serem lidas por um app, permitindo que pessoas cegas, com baixa visão ou não alfabetizadas escutem informações.

TRENDING NOW

UMA ID

A da série do momento, veja aqui como a ID dela foi construída, do conceito à execução

UM OOH

E se raspar pelos fosse um filme de terror? É a ideia genial desse estudante.

UMA FERRAMENTA

Perplexity e OpenAI acabam de lançar seus próprios personal shoppers de IA.

UM FRACASSO

o CEO que estampou seu social security number nos ads, e teve a identidade roubada 13 vezes.

UMA COMPARAÇÃO

Veja quanto custavam as coisas quando a primeira temporada de ST foi lançada.

UMA MARCA

Keeta chega oficialmente ao Brasil, mirando restaurantes, com humor e muita brasilidade.

ANOTA ESSA

Uma tendência que começa a ganhar força nas plataformas é a morte dos seguidores, o peso dessa métrica está diminuindo. Marcas e creators olham para picos de new views e acham que estão conquistando novos usuários, mas a realidade é: quase ninguém volta. O algoritmo privilegia novidade, não familiaridade. E sem recorrência, alcance vira (??). Difícil construir marca, preferência e equity assim.

LAST WEEK POLL RESULT:

New trend alert: Prediction market. O que você acha sobre isso?

57.8% votou “Preocupante. Misturar notícia com aposta pode gerar incentivos estranhos.” E 21,4% diz estar “no meio. curioso pra ver no que vai dar, mas ainda não convenceu".

“Misturar notícia com apostas faz com que tendências seja moldado por casas de apostas, e não pelas mudanças naturais que vem do comportamento, consumo, economia, política... E para piorar, ainda temos uma epidemia de pessoas que estão ficando viciadas e se endividando com a proliferação das bets. ”

“Talvez possamos convencer aqueles que desperdiçam tempo em apostas do Tigrinho a se tornarem mais informados lendo notícias relevantes e reais. Existe o risco de pessoas tentarem manipular as apostas, mas, em tudo na vida, há dois lados...”.

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